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Alcionilio Brüzzi Alves da Silva
Anthropos 61. 1966
and Rio Negro (London 1853), traz interessantes informales etnográficas tanto
da regiäo visitada como de outras dessa área.
Os mais importantes dados etnográficos, porém, encontrámo-los na obra
de Theodor Koch-Grünberg, Zwei Jahre hei den Indianern Nordwest-Brasi
liens (Stuttgart 1921). Koch-Grünberg näo só subiu, em 1902, o Uaupés até
a cachoeira de Jumpari, porém navegou também o Tiquié até Pari-cachoeira
donde, descendo pelo rio Taraira, passa ao Apapóris e á bacia do Solimöes.
Em nossos estudos da regiäo uaupesina, por iniciativa do «Centro de
Pesquisas de lauareté», estudos que se iniciaram em 1947 e se encerraran! corn
um inteiro lustro, de 1953 a 1958, de permanéncia entre as tribo sda bacia do
Uaupés, excursionamos várias vézes pelas áreas visitadas por Wallace e por
Koch-Grünberg, procurando alcafar, outrossim, regiöes sobre as quais ésses
dois cientistas haviam obtido poucas e vagas informales.
2. As Tribos do Uaupés
a) Os Relatónos do século 18 (Monteiro, Ribeiro e Ferreira) falam
da «na9áo Uaupé» ou «na^oes Uaupés», conglobando sob esta epígrafe várias
tribos que elencam. Releve-se que em nenhum dos catálogos de Tribos do
século 18 figura a Tribo Tukano. Na obra geral A Civiliza9áo Indígena do
Uaupés estudamos mais ampiamente éste assunto, e procuramos explicar a
discordancia dos catálogos com as Tribos que de fato povoam atualmente a
bacia do Uaupés. Desta área cultural fazem parte, repetimos, duas dezenas
de Tribos que conseguimos localizar, e entre todas elas estivemos várias vézes
e em ocasiòes e épocas diversas.
Duas dessas Tribos, a Taryana (que no pròprio idioma se denomina Tal'
yáseri) e a Ipeka-tapuya (ou gente pato-dagua, que a si mesma se chama
Kumádene), pertencem ao grupo de línguas Arwake, o qual, no Brasil, ocupa
presentemente as bacías dos rios Igana e Xié.
Todas as demais tribos pertencem a urna única familia de línguas, qu e
se denomina pelo nome da Tribo principal e mais populosa, a familia de línguas
Tukano.
Por motivo de brevidade nao discutimos aqui; 1. se todos ésses grupo 5
humanos uaupesinos merecem a denominala© vulgar de Tribo, que se IheS
costuma atribuir; 2. quais seriam Tribos, e quais meros Sibes; 3. nem tào pouco
quais dos seus idiomas se devem classificar como línguas, e quais merecen 1
qualificados como simples variares dialetais h
h) Dado éste esclarecimento sobre a acepgáo em que aqui falamos d e
Tribo e de lingua, podemos informar que na área cultural do Uaupés, por nos
1 Estas questòes sào mais desenvolvidas na obra A Civilizando Indigena do Uaup¿ s ’
e outras monografías em preparagào. Para urna classificagao dos idiomas indígenas
regiào, o autor do presente traballio recolheu um vocabulário «test», gravando, outrossi# 1 ’
na fita magnetica (tape-recording) a pronuncia indígena correspondente a ésses vocab 11 '
lários. Essas gravagoes constituem urna Discoteca Etno-linguistico-musical de 12 Lon£
playings, com volume explicativo (Sao Paulo 1961).